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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Você sabe a origem e significação de “GITA”, do Raul Seixas?

Conversando com algumas pessoas sobre o que acreditavam que Raul dizia com a músicaGita, notei que cada um dava a sua versão e acreditava que a música tenha mesmo só interpretações subjetivas e que não deveria haver uma interpretação mais correta que a outra. Mas, mesmo assim, essas interpretações formam um consenso; o ponto comum é que muitos disseram que a música tem relação com o conceito de deus.
A história que se conta sobre a letra da música Gita; é que Raul lia um dos textos sagrados da cultura Védica (originaria da Ásia menor) o “Bhagavad-Gitã”, um guru do hinduísmo, religião indiana. O próprio nome da música é uma alusão clara a esse fato. Raul então adormeceu com a ideia na cabeça e quando acordou começou a escrever a letra, que foi composta por ele(Raul) e Paulo Coelho por volta de 1974, publicada no álbum de mesmo nome: Gitá.

Prestando atenção na letra é fácil perceber do que ela fala.
A parte declamada no começo é o ponto chave para entender o que vem depois. Começa a música: “Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando, foi justamente num sonho que ele me falou: …” Assim, o resto que é cantado, não seria o Raul dizendo algo a alguém, e sim, ouvindo o que lhe era falado, confirmando a ideia de que foi depois de um sonho que a música foi escrita e que esse sonho foi motivado pela leitura de parte da doutrina de Bhagavad Gita. Sendo assim, Raul, não fala, ouve: “Às vezes você me pergunta, por que é que eu sou tão calado, não falo de amor quase nada, nem fico sorrindo ao teu lado…”
A doutrina da religião hinduísta é baseada no panteísmo. O panteísmo é a crença em que Deus está em todas coisas da natureza, não está em um só lugar e não é um determinado ser ou pessoa; deus para os hinduístas é a própria natureza, o logos da natureza. É isso o que diz a música toda: “Eu sou a luz das estrelas, Eu sou a cor do luar, Eu sou as coisas da vida, Eu sou o medo de amar”; “Por que você me pergunta, perguntas não vão lhe mostrar que Eu sou feito da terra, do fogo, da água e do ar…”
Pensando por este ângulo, fica fácil compreender os versos: “você me tem todo dia, mas não sabe se é bom ou ruim, mas saiba que Eu estou em você, mas você não está em mim…”, isso porque deus, para os panteístas, está em tudo a que o homem tem acesso, inclusive dentro do próprio homem, pois o deus está no homem, porque o homem se faz em deus, mas o homem não está em deus, pois deus vai muito além do que o homem é.
Ao escrever isso, o significado de Gita me aparenta cada vez mais óbvio, o que levou-me a questionar os motivos do humano procurar sempre complicar ainda mais o que já é complexo, é assim no Brasil, como em boa parte do mundo, a tradição judaico-cristã é imposta, embora haja liberdade de religião garantida pelo Art. 5º da Constituição, ainda há muito preconceito contra quem não seja cristão.
O que tentam pregar e fazer aos leigos acreditar, é como se a fé dos negros, índios e outros povos marginalizados fosse inferior. Aliás ateus, agnósticos, céticos e pagãos também tem a sua liberdade de crença protegida pela lei, pois se há liberdade de religião, então para que se possa ser livre mesmo, a liberdade de opção em não optar por nenhuma religião institucionalizada é um direito.
Como poderia ser uma crença menor que a outra, se todos têm tantas provas de seus deuses quanto os outros? Ou seja: nenhuma! E todos, ainda assim, têm direito de ter fé, que consiste justamente em acreditar em algo sem necessitar de prova empírica, e se há necessidade desta prova,  então não é mais crença, e já está fraca o que chamam de fé, pois já virou ciência.
Finalizando: mesmo que sua instituição religiosa pregue e faça parecer que; o hinduísmo seja uma sub-cultura religiosa, a música Gita de Raul Seixas fala de deus segundo o Panteísmo, e não do conceito de deus no qual se baseia a doutrina cristã, mas é tão real e tão verdadeiro quanto todos os demais conceitos, cada um para e conforme as suas respectivas crenças.
Discorde disso com uma condição: responder quem mais seria “o início, o fim e o meio” se não deus, o deus natureza!
Nas Palavras do Próprio Raul:


Você sabe o significado da música “ Chão de Giz ” de Zé Ramalho?



Você já parou alguma vez na vida para tentar entender esta música tão complexa?

Zé Ramalho consegue ser um dos poucos cantores que compõe músicas com alto repertório (de difícil entendimento) e mesmo assim agrada o gosto popular. Consegue transmitir sentimentos.

Hoje no carro ouvindo Chão de Giz, decidi prestar atenção na letra e bateu a curiosidade de conhecer a verdadeira história da música. De entendê-la! Descobri e achei bacana compartilhar com vocês. Vale a pena a leitura!
 Explicação dada, em tese, pelo próprio compositor, O GRANDE POETA ZÉ RAMALHO, sobre Chão de Giz:

 Ainda jovem, o compositor teve um caso duradouro com uma mulher bem mais velha que ele, casada com uma pessoa bem influente da sociedade de João Pessoa, na Paraíba, onde ele morava.
Ambos se conheceram no carnaval. Zé Ramalho ficou perdidamente apaixonado por esta mulher, que jamais abandonaria um casamento para ficar com um “garoto pé -rapado”. Ela apenas “usava-o”. Assim, o caso que tomava proporções enormes foi terminado. Zé Ramalho ficou arrasado por meses, mudou de casa, pois morava perto da mulher e, nesse meio tempo, compôs Chão de giz.
 Sabendo deste pequeno resumo da história, fica mais fácil interpretar cada verso da canção.

Vamos lá!
  “Eu desço desta solidão e espalho coisas sobre um chão de giz”
 Um dos seus hábitos, no sofrimento, era espalhar pelo chão todas as coisas que lembravam o caso dos dois. O chão de giz indica como o relacionamento era fugaz.

  “Há meros devaneios tolos, a me torturar”
 Devaneios e lembranças da mulher que não o amou. O tinha como amante, apenas para realizar suas fantasias. Quando e como queria.

 “Fotografias recortadas de jornais de folhas amiúdes”

 Outro hábito de Zé Ramalho era recortar e admirar TODAS as fotos dela que saiam nos jornais – lembrem-se, ela era da alta sociedade, sempre estava nas colunas sociais.

 “Eu vou te jogar num pano de guardar confetes”
 Pano de guardar confetes são balaios ou sacos típicos das costureiras do Nordeste, nos quais elas jogam restos de pano, papel, etc. Aqui, Zé diz que vai jogar as fotos dela nesse tipo de saco e, assim, esquecê-la de vez.

 “Disparo balas de canhão, é inútil, pois existe um grão-vizir”
 Ele tenta ficar com ela de todas as formas, mas é inútil, pois ela é casada com um homem muito rico.

 “Há tantas violetas velhas sem um colibri”
 Aqui ele utiliza de uma metáfora. Há tantas violetas velhas (Como ela, bela, mas velha) sem um colibri (um jovem que a admire), dessa forma ele tenta novamente convencê-la apelando para a sorte – mesmo sendo velha (violeta velha), ela pode, se quiser, ter um colibri (jovem).

 “Queria usar, quem sabe, uma camisa de força ou de vênus” Este verso mostra a dualidade do sentimento de Zé Ramalho. Ao mesmo tempo que quer usar uma camisa de força para se afastar dela, ele também quer usar uma camisa de vênus para transar com ela.

 “Mas não vou gozar de nós apenas um cigarro”
 Novamente ele invoca a fugacidade do amor dela por ele, que o queria apenas para “gozar o tempo de um cigarro”. Percebe-se o tempo todo que ele sente por ela um profundo amor e tesão, enquanto é correspondido apenas com o tesão, com o gozo que dura o tempo de se fumar um cigarro.

 “Nem vou lhe beijar, gastando assim o meu batom” 
Para quê beijá-la, se ela quer apenas o sexo? 

“Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez…” 
Novamente ele resolve ir embora, após constatar que é impossível tentar algo sério com ela. Entretanto, apaixonado como está, vai novamente à lona – expressão que significa ir a nocaute no boxe, mas também significa a lona do caminhão, com o qual ele foi embora – ele teve que sair de casa para se livrar desse amor doentio.

 “Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar”
 Amor inesquecível, que acorrenta. Ela pisava nele e ele cada vez mais apaixonado. Tinha esperanças de um dia ser correspondido.

 “Meus vinte anos de ‘boy’ – that’s over, baby! Freud explica” 
Ele era bem mais novo que ela. Ele era um boy, ela era uma dama da sociedade. Freud explica um amor desse (Complexo de Édipo, talvez?).

 “Não vou me sujar fumando apenas um cigarro”
 Depois de muito sofrimento e consciente que ela nunca largaria o marido/status para ficar com ele, ele decide esquecê-la. Essa parte ele diz que não vai se sujar transando mais uma vez com ela, pois agora tem consciência de que nunca passará disso.

 “Quanto ao pano dos confetes, já passou meu carnaval”
 Eles se conheceram em um carnaval. Voltando a falar das fotos dela, que iria jogar em um pano de guardar confetes, ele consolida o fim, dizendo que já passou seu carnaval (fantasia), passou o momento.

 “E isso explica porque o sexo é assunto popular” Aqui ele faz um arremate do que parece ter sido apenas o que restou do amor dele por ela (ou dela por ele): sexo. Por isso o sexo é tão popular, pois apenas ele é valorizado. Ela só queria sexo e nada mais.

“No mais, estou indo embora” 
Assim encerra-se a canção. É a despedida de Zé Ramalho, mostrando que a fuga é o melhor caminho e uma decisão madura.
Ele muda de cidade e nunca mais a vê. Sofreu por meses, enquanto compôs a música.

 Toda essa explicação foi dada pelo próprio Zé Ramalho.